terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O envelhecimento visto com outros OLHOS


 No decorrer de nossas vidas um contínuo esforço de nossa visão é exigido constantemente, envolvendo atividades de leituras, trabalhos em computadores, horas em frente a televisores, uso inadequado de óculos, etc. Somando-se a isto, o tempo que submetemos nossos olhos ao estresse causado pela exposição à luz solar, aliados a fatores não controláveis como o envelhecimento, tem-se uma combinação perfeita para o desenvolvimento de doenças degenerativas da nossa visão, como a catarata e a DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade).
     A catarata surge com o envelhecimento, podendo se manifestar antes do esperado, ou ainda, entre outros casos, como conseqüência da exposição exagerada aos raios ultravioleta e pelo consumo de cigarros e bebidas alcoólicas em demasia. Esta doença é líder em causas de cegueira, respondendo por cerca de 47,8% de todos os casos no mundo, isso de acordo com levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e, segundo a Organização Mundial da Saúde, a incidência anual de catarata é estimada em três novos casos para cada mil habitantes. No Brasil, a estimativa é de que a cada ano surjam 552 mil novos casos de catarata.
     Já a DMRI pode ser influenciada por diversos fatores, entre eles: a idade, um regime alimentar deficiente, a exposição à luz solar, o tabagismo, o consumo de álcool, a hereditariedade, o sexo do indivíduo. Além disso, a raça e a cor dos olhos também são fatores impossíveis de serem controlados e influenciáveis no desenvolvimento de tal doença, onde, por exemplo, pessoas de olhos azuis ou verdes, de pele branca, idosas, mulheres e fumantes possuem um risco mais elevado em desenvolver este problema, que afeta a parte central da retina, a mácula, responsável pela visão nítida e focada. A Degeneração Macular é a maior causa da perda indolor da visão central e da cegueira em pessoas acima de 50 anos, atingindo cerca de 30 milhões de pessoas no mundo.
    Não é de hoje que ouvimos falar que a cenoura é eficaz para uma ótima visão, e isso lhe é atribuído pelo fato de esta ser uma das principais fontes de betacaroteno (precursor da vitamina A), cujos poderes antioxidantes são conhecidos desde a década de 80. Com o passar do tempo, esta substância foi perdendo o lugar na indicação de oftalmologistas para outros dois nutrientes, a luteína e a zeaxantina. Diversos estudos realizados até o momento revelam fortes indícios de que a luteína, substância encontrada em alguns vegetais e frutas, que está presente no regime alimentar dos asiáticos e em pequena quantidade em nossa dieta, auxilia na prevenção de diversas doenças relacionadas à perda da visão, inclusive a catarata e a degeneração macular.
     Outras pesquisas relatam que a ingestão desta substância em maiores concentrações pode proteger o indivíduo contra o desenvolvimento da aterosclerose precoce, explicando ainda a razão pela qual as dietas ricas nesta substância estão associadas ao risco reduzido de doenças cardiovasculares.  A quantidade de luteína que vem sendo sugerida em trabalhos, como sendo a necessária para obtenção de benefícios à nossa saúde, varia de 5 a 15mg diária. 
Embora não possamos alterar alguns fatores como a idade, a hereditariedade e o sexo, hábitos de risco que estão relacionados com o nosso estilo de vida podem e devem ser controlados. Assim, a luteína que se trata de um carotenóide importantíssimo para todos nós, e o nosso organismo não a fabrica, deve ser obtido através de uma dieta adequada, que seja rica em legumes de folhas verdes escuras, como o espinafre, e uma diversidade de outras frutas. Podendo ainda ser encontrada no milho, na gema de ovo ou em concentrações mais elevadas nos suplementos alimentares específicos.
      Atuando como um filtro solar natural que minimiza os efeitos nocivos causados pelo sol e pela iluminação artificial, a luteína possui propriedades que beneficiam diretamente a pele e os olhos, prevenindo sua degeneração e prolongando a saúde destes órgãos. Nos olhos, ela se apresenta em níveis elevados de concentração na região macular da retina, dispersando-se em quantidades menores na área circundante à mácula e no cristalino, protegendo assim os tecidos da oxidação, no momento que a luz azul prejudicial dos raios solares é filtrada. Na pele, deposita-se na epiderme (camada exterior) e derme (camada interior), exercendo funções antioxidantes.
Infelizmente, os hábitos alimentares têm feito diminuir significativamente o consumo de frutas e legumes. Por outro lado, o desenvolvimento de suplementos alimentares à base de luteína, enriquecidos com vitaminas essenciais, cresce em grande escala, estando cada vez mais acessíveis o que se torna uma ótima alternativa para compensar esta tendência. Isto garante um diferencial para aquelas pessoas que não conseguem ou não querem aumentar o consumo de frutas e legumes. Aliando então, estes cuidados alimentares e o uso de suplementos, a cuidados simples como o uso de protetor solar para a pele, óculos de sol adequados, e chapéu de abas largas, é possível obter-se uma efetiva proteção dos olhos e prevenir doenças degenerativas decorrentes do envelhecimento, sem deixar de ver com clareza e qualidade o passar de nossa vida.

Benoni Luis Squizani
Farmacêutico Industrial
Mestre em Tecnologia Farmacêutica – USP
Mestrando em Nutrição Dietética – FUNIBER

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