Pena que ela ande em falta entre nossos adolescentes,
como revela uma pesquisa capitaneada por duas grandes universidades
brasileiras. Essa deficiência pode comprometer o desenvolvimento da moçada e
favorecer inúmeras doenças. Felizmente, dá para reverter a situação. Saiba o
que é preciso fazer
por LIA SCHEFFER | fotos OMAR PAIXÃO
Um banho de sol vale muito
mais do que um belo bronzeado. Os raios do astro rei também garantem a dose
certa de vitamina D, substância fundamental para o crescimento do esqueleto,
sobretudo na adolescência. Mas um trabalho da Universidade de São Paulo em
parceria com a Universidade Federal de São Paulo alerta: os níveis dessa
vitamina estão aquém do desejável nos adolescentes. No estudo, que foi
finalista do IV Prêmio SAÚDE, a nutricionista Bárbara Peters, da USP, e seus
colegas da Unifesp Lígia Martini e Mauro Fisberg analisaram as taxas do
nutriente em um grupo de 136 jovens de Indaiatuba, no interior paulista.
Com idade entre 12 e 18 anos, todos os voluntários
teens estavam com a saúde em dia. Mas no quesito vitamina D os resultados foram
preocupantes: 62% dos avaliados apresentaram níveis baixos do nutriente, uma
incidência espantosamente alta para um país ensolarado como o Brasil.
"Talvez essa carência se justifique porque as pessoas adotaram hábitos que
diminuem seu tempo ao ar livre", especula Lígia Martini. E com a moçada
não é diferente. Em uma era em que a diversão muitas vezes se resume ao
bate-papo na internet e aos jogos de videogame, milhares de jovens preferem a
comodidade do quarto a uma aventura a céu aberto.
IMPRESCINDÍVEL PARA OS JOVENS
"A vitamina D é importantíssima na
adolescência, época em que há um maior desenvolvimento ósseo", afirma
Bárbara Peters. É aí que ocorre o chamado estirão, período que define a estatura
de um indivíduo. Isso só é possível porque a tal da vitamina retém e armazena
cálcio e fósforo no sangue. Ela atua no intestino, onde regula a absorção
daqueles minerais (veja o infográfico na página seguinte). Assim, o corpo não
precisa buscá-los nos ossos, poupando o esqueleto e mantendo-o sempre forte.
A vitamina D ainda dá um reforço ao sistema imune,
participando da produção de proteínas antibacterianas. Sem contar que estimula
o pâncreas a fabricar insulina, cuja missão é botar o açúcar para dentro das
células. Isso garante o controle da glicose e, de quebra, mantém longe o
diabete, que, sim, está aparecendo cada vez mais na juventude. Sem contar que o
nutriente desempenha um papel nobre nos rins. Lá, inibe a ação de uma enzima
conhecida como renina, que está envolvida na secreção de um hormônio capaz de
levar a pressão arterial para as alturas.
A receita para a garotada desfrutar de toda essa
blindagem proporcionada pela vitamina D é simples e gratuita: são necessários
apenas alguns minutos de exposição ao sol. Mas você, pai ou mãe, com certeza
deve se questionar: os raios solares são acusados de favorecer males como o
câncer de pele, certo? Certíssimo. Mas, para prevenir essa ameaça, basta
incentivar seu filho a se valer do protetor solar. "O uso do produto não
impede a síntese do nutriente", garante o dermatologista Marcus Maia, da
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, vencedor do Prêmio SAÚDE em 2008.
O fato é que não existem muitas alternativas ao
sol quando o assunto é vitamina D. Alguns alimentos até fornecem pitadas da
substância, caso de peixes como salmão e sardinha. Em meados de 1930, alguns
países europeus começaram a fortificar pães, manteiga e afins com o nutriente.
Essa medida foi tão eficaz que deu um fim ao raquitismo, carência da vitamina
que provoca uma mineralização insuficiente dos ossos. O problema é que, passado
algum tempo, o processo de suplementação deixou de ser monitorado e uma
quantidade excessiva da vitamina foi acrescida ao leite, deflagrando casos de
intoxicação em adolescentes. Resultado: a fortificação ficou meio de escanteio
em quase todo o mundo, inclusive no Brasil.
De qualquer forma, rechear o cardápio da garotada
com as parcas fontes da vitamina D disponíveis nas gôndolas dos supermercados
não deixa de ser uma boa pedida — alguns especialistas acreditam que 10% do
valor diário recomendado de ingestão da vitamina, algo em torno de 1,5
micrograma ou três copos de 250 mililitros de leite integral, seja obtido por
meio da alimentação. Tudo para que o futuro da saúde do seu filho seja
ensolarado.
Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0321/familia/conteudo_542958.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário