Os olhos e a pele são os únicos órgãos do corpo diretamente expostos à ação da luz e do ar. Luz e ar são essenciais à vida, mas também são responsáveis pela geração de radicais livres que aceleram o envelhecimento. Está bem consolidado na comunidade científica que o stress oxidativo provocado por esses radicais livres geram doenças, que a médio e longo prazo podem ser bastante graves. Reduzir os radicais livres é uma forma eficaz de prevenir essas doenças, mas como não podemos deixar de respirar nem de se expor à luz, a única alternativa é ajudar os nossos própios mecanismos biológicos de defesa. Nosso corpo possui a capacidade de neutralizar boa parte dos radicais livres que produzimos. Mas essa capacidade está diretamente ligada aos nossos hábitos alimentares e modo de vida. O consumo de alimentos saudáveis, ricos em vitaminas, minerais e compostos fitoquímicos é fundamental para aumentar a resistência orgânica ao ataque dos radicais livres. Entre esses compostos fitoquímicos uma classe se destaca pela elevada atividade antioxidante, são os chamados carotenóides, sendo que a luteína é um deles.
A luteína é um carotenóide especial porque tem elevada afinidade pela região ocular, acumulando-se na retina e exercendo proteção contra a radiação ultravioleta e os radicais livres. Essa proteção é de extrema importância para prevenir uma doença crônica conhecida como degeneração macular, principal causa de deficiência visual na terceira idade. A degeneração macular (ou DMRI, degeneração macular relacionada à idade) é uma doença que afeta a mácula, parte da retina onde a percepção visual é mais nítida e detalhada. Nos seus estágios iniciais os sintomas são reduzidos e não chamam atenção, o sinal mais claro da progressão da doença é a distorção das imagens ou a formação de um ponto negro central. O desenvolvimento da doença está relacionado a ação deletéria dos radicais livres, seu avanço é crônico e geralmente irreversível, sendo a prevenção o único tratamento conhecido.
A luteína é encontrada na gema dos ovos e nas folhas verdes de vegetais, sendo o espinafre uma fonte particularmente rica desse nutriente. Mas não é fácil atingir o consumo recomendado de 5 a 6mg de luteína por dia, mesmo com uma alimentação equilibrada é necessário a ingestão de uma travessa grande de espinafres frescos para alcançar esses valores. É por isso que a suplementação de luteína é altamente recomendada, não apenas na terceira idade, já que os efeitos dos radicais livres são cumulativos.
Mas não são apenas os olhos que se beneficiam de uma suplementação de luteína. Como a luteína ingerida também é armazenada na pele, pesquisas sugerem que esse carotenóide é importante para a manutenção de uma pele saudável. Em um estudo recente, 10mg de luteína por dia aumentaram a hidratação da pele, sua elasticidade e conteúdo de lipídios. Esses são os primeiros resultados que apontam uma relação entre a luteína e a saúde da pele.
Quanto à segurança de uso, estudos indicam que doses de até 2mg/kg de peso não causaram efeitos colaterais detectáveis, o que significa que um adulto de 70kg poderia ingerir até 140mg de luteína por dia, comprovando a inexistência de riscos à saúde nas doses recomendadas.
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